Os pornôs franceses sempre se destacaram pelo apuro visual, pela fotografia caprichada, pelos enquadramentos decentes e pela capacidade de ousar sem nunca abandonar o bom gosto.
“Le Sexe Qui Parle” não foge à regra, sendo aliás um dos precursores nesta putaria bem feita. Porém, trata-se de um filme estranho, com um tema esdrúxulo – uma buceta falante – tratado de forma quase séria, numa mistrua de drama com filme de terror. Pode parecer exagero, mas é bem por aí mesmo.
Jöelle (a bela Pénélope Lamour) é uma mulher mal-resolvida sexualmente. Seus desejos reprimidos acabam sendo canalizados pra vagina da coitada, que passa a falar e a exibir personalidade própria. A história então mostra os impulsos vaginais obrigando Jöelle a fazer sacanagens abusadas enquanto o maridão se vê sem saber o que fazer. O assunto torna-se público, com direito à perseguição jornalística e tudo. E para deixar o filme mais longo, a buceta também relembra o passado sexual juvenil de Jöelle (interpretada então pela bela e safada Béatrice Harnois).
Dito assim, parece bom demais. Mas calma.
Ainda que as situações criadas sejam extremamente sensuais (desde a primeira cena, em que Jöelle segue uma loira pela rua e acaba por boliná-la numa loja), o desenvolvimento deixa a desejar, com cenas muitas vezes breves, inserções de dublês de corpo, finais abruptos, ausência de clímaces e enquadramentos pouco inspirados. Desta forma, a excitação inicial perde-se num desenrolar banal.
Mesmo assim, por contar uma história pirada, com algumas boas sacadas (como o ponto-de-vista da buceta falante) e algumas belas atrizes, o filme merece uma olhadela.
Le Sexe Qui Parle (1975 - a.k.a. Pussy Talk)
Direção: Claude Mulot
Elenco: Pénélope Lamour, Béatrice Harnois, Sylvia Bourdon, Ellen Earl, Nils Hortzs
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