Muitos reclamam que eu não falo de pornô clássico brasileiro. Falo pouco mesmo, é verdade. Talvez por não conhecer a fundo o tema. Talvez por sentir que tais exemplares carecem de um apelo mais excitante, para mim, pelo menos. Mas de qualquer maneira, existem grandes clássicos pornográficos made in brazil.
Coisas Eróticas, por exemplo, é considerado o primeiro exemplar do gênero. Um exemplar tacanho, digamos assim. Divide-se em três histórias independentes, com dois diretores (Rafaelle Rossi no começo e no fim, Laente Calicchio no meio). E a coisa já começa mal, com um cara na privada olhando uma revista de mulher pelada e, em seguida, se masturbando no chuveiro.
Coisas Eróticas, por exemplo, é considerado o primeiro exemplar do gênero. Um exemplar tacanho, digamos assim. Divide-se em três histórias independentes, com dois diretores (Rafaelle Rossi no começo e no fim, Laente Calicchio no meio). E a coisa já começa mal, com um cara na privada olhando uma revista de mulher pelada e, em seguida, se masturbando no chuveiro.
No dia seguinte, no trânsito, ele se encontra com a “homenageada”. Sem que o roteiro explique, ele sai com ela e, depois de uma bela porção de diálogos tolos, a garota convida o galã para um fim de semana no campo, com a filha e uma amiguinha.
Lá, enquanto o casal se enrosca num quarto, as garotas se enroscam tomando uma ducha. Dito assim parece excitante, mas o fato é que a trilha romanticazinha é broxante, os enquadramentos idem, sem falar na iluminação precária (que fica ainda pior por conta da cópia escura oriunda de um VHS vaga
bundo). Para ajudar, atriz pornô brasileira tem a tendência de super-atuar, exagerando no gestual e nas caras e bocas para demonstrar prazer. A ausência quase total de closes frustra tudo, e nem a presença de um consolo entre as moçoilas serve de consolo. Ao final, a filha, pelo buraco da fechadura, ainda flagra a mãe transando.
Assim, quando a mãe diz que tem que resolver alguns assuntos na cidade, sendo acompanhada pela amiga da filha, esta se joga em cima do namorado da mãe. Após alguns diálogos tolos e forçados, eles transam nas sombras. A mãe retorna, sozinha e em outro carro (?), vê os dois transando, e sai chorando (!). Tudo para, no primeiro semáforo, flertar com outro mané de carro conversível. E tudo acaba aí.
O segundo trecho começa melhor: curto, grosso e rude... com um casal trocando tapas e palmadas. Por mais tosco que seja, é mais bem dirigido, mais quente e mais divertido do que toda a primeira parte. E a dublagem é hilária. Afinal, o machão que gosta de apanhar tem a voz do Fred Flintstone!
Após a cena, vemos outro casal, que com diálogos tolos e decoradinhos, revela que quer se iniciar na prática do swing. E responde justamente ao anúncio do casal SM do começo da história.
O quarteto se encontra numa praia. E atrás das pedras, as garotas mandam ver. Mesmo contando com garotas mais feiosas, o enrosco é muito mais quente do que o lesbianismo tosco da primeira história.
Depois, os casais bebem um chopinho pra animar e seguem pra casa de um deles, onde trocam os pares. As cenas mantêm os defeitos da primeira história, mas conseguem ser mais excitantes. Ainda que, neste filme, a ejaculação pareça não existir, seja fora ou dentro das moçoilas. A história acaba no meio mesmo, sem conclusão nem piadinha.
E seguimos pra terceira aventura – a única com nome diferente do título do filme - chamada “Férias do Amor”. Como na primeira, tudo é devagar. Rossi adora takes longos das pessoas andando pra lá e pra cá, carros saindo lentamente, seguindo pela rua etc e tal. Obviamente para encher linguiça e conseguir fechar um longa...
Como destaque, temos Zaira Bueno, atriz de pornochanchadas clássicas e que, obviamente, empresta sua beleza ao filme sem ir além de uma cena de nudez no chuveiro. Na realidade, a história gira em torno dela e do novo namorado. Os dois vão pra casa de campo da família, junto com a família dela: mães, irmãs e cunhadão com voz de Fred Flintstone. Lá, o namoradão leva a sogra num motel, mas ficam só nas preliminares orais, e bem banais, se considerarmos que o único boquete decente que aparece em todo o filme surge justamente do vídeo pornô que passa no circuito fechado de TV do motel. Depois, o galã se esfrega numa das cunhadas, mas só come a outra, que deve se chamar Vilma! Por fim, quando a namorada pede pro bonitão entrar no banho com ela, o mané se sai com essa: “Até a minha namorada! Pensei que fosse pra casamento!”.
E fim. Ainda bem. Afinal, cansa ver tanta cena de sexo distante, sem clima, sem tesão mesmo. O Brasil, definitivamente, faria coisas muito melhores no gênero...
Coisas Eróticas (1981)
Direção: Rafaelle Rossi e Laente Calicchio
Elenco: Zaira Bueno, Jussara Calmon, Vânia Bonier, Marília Nauê, Ilzy Coltrim, Regina Célia, Deusa Angelino, Oásis Minitti, Walder Laurentis
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