Esse papo de "pornô com história", que às vezes a gente vê na capas dos filmes de sacanagem é, para mim, uma grande balela. Você não pega um pornô por conta da história. E não é pela história que podemos julgar tais filmes como bons de verdade. No meu modo de analisar e eleger um bom filme pornô, por exemplo, os critérios subjetivos englobam muitas outras cositas.
Para amarrar tudo, nada como um personagem sonhador - no caso um tímido (e quase retardado) autor de histórias em quadrinhos de aventura, mistério e ficção B - que se coloca na pele dos heróis e manda ver nas mocinhas, vilãs e femme fatales das histórias, mas que é sempre impedido de comer a tal deusa loira que aparece repetidamente no fim dos episódios - pelo menos até o final do filme em si.A beleza e os dotes das atrizes, suas capacidades interpretativas (para o sexo, digo de passagem), a ambientação, a ousadia e, principalmente, o clima. Com clima, quero dizer a capacidade que as cenas têm de se revelarem excitantes, quentes, empaudurantes. Isso vai muito da capacidade do diretor de editar decentemente as sequências. Eu gosto de closes alternados. Não gosto de detalhes ginecológicos demorados. Prefiro um vai-e-vem das partes pudicas e das reações femininas. Mãos, olhos, pés, bocas - tudo isso, se bem mostrado, consegue deixar as cenas bem melhores. E a história que se exploda, assim como a tal produção, que não precisa ser suntuosa para que a fodelança seja gostosa.
Toda essa introdução foi para falar de um filme dos idos de 1982 que se propõe contar não apenas uma, mas várias histórias.
O problema é que, se a pretensão parece grande, a grana com certeza foi pequena. O filme é de uma tosquice sem tamanho. Mas tem algumas boas cenas de sexo, pelo menos.O início parodia Indiana Jones - um ano antes, o primeiro filme da série tinha detonado nas bilheterias. O título em português é reflexo disso: "Lousiana Jones no Templo do Prazer". Aqui, uma tal de Jungle Jane (que não faz sexo com ninguém, ainda bem, já que ela é bem sem-graça) se embrenha por ruínas maias (ou coisa parecida) até ser aprisionada numa pirâmide, onde a tal deusa loira fica falando asneira enquanto algum pau-mandado come a Misty Regan.
Então surge o tal Lousianna Smith para acabar com a baderna. Mas é claro que, antes de comer a loira, ele (ou seu alter-ego), acaba voltando ao escritório da Marble Comics pra ser esculachado pelo chefe enquanto a mesma Misty Regan, como secretária ou coisa que o valha, fica dando em cima do big boss(ta).
A historieta seguinte se passa na época da guerra (acho que a primeira), onde Ron Jeremy interpreta um alemão malzão, enquanto Nicole Scent e Jacqueline Lorians são francesinhas abusadas. Depois de um combate aéreo meia-boca (provavelmente a sequência mais cara do filme), o sexo rola num castelo mezzo-cenário mezzo-chroma-key-toscão. Alguns closes desfocados e mais uma repetição de cenas tiram um pouco do tesão.
Vem então o trecho policial noir, que conta com um belo visual PB, outra transa de Jacqueline Lorians e depois, ueba, Loni Sanders! Aí já valeu o filme. Mas ainda temos um outro trecho, que se passa no espaço sideral (!), novamente com a Loni, primeiro em um ménage à trois lésbico e depois no bom e velho in-out clássico. A presença de um pseudo-Darth-Vader é hilária, assim como outros defeitos especiais. Mas as transas são decentes e bem iluminadas. Segue-se mais uma transa do mocinho, outra de seu chefe com a secretária e, por fim, o herói finalmente come a loirosa, que se revela bem insossa.
No geral falta intensidade e ousadia nas transas, mesmo para um pornô lá do início dos anos 80. Vale mesmo pela presença da Loni Sanders e não muito mais do que isso.
Blonde Goddess (1982)
Direção: Bill Milling
Elenco: Jacqueline Lorians, Loni Sanders, Misty Regan, Ron Jeremy, Nicole Scent, Heather Young, Suzannah Britton, Tamara West
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